quarta-feira, 18 de julho de 2012

Sobre ser mãe



Às vezes a mãe ama tanto, mais tanto que quer proteger os filhos de tudo. Tem mães que quase vivem a vida no lugar dos filhos, para que eles não sofram. Elas não percebem que essa proteção sufoca. Quando chega o dia que eles conhecem a tão sonhada liberdade, eles acabam se afastando da antiga casa. Um preso, depois de cumprir sua pena, jamais quer  voltar para a prisão por vontade própria.
E é nessa hora que as distâncias se constroem.
Olha, apesar de toda essa saudade, eu acho que está sendo muito bom para mim, para o papai e para a filhinha essa viagem.
É como um ensinamento que eu vi esses dias: Filho é emprestado. Ele não é nosso. A gente precisa encarar com naturalidade que, um dia eles vão voar sozinhos e isso não deve ser colocado como algo ruim. Eles precisarão estar sozinhos para traçar suas rotas, cair, machucar e se recuperar. Estaremos ali, como um porto seguro pra abraçá-los a cada tombo, mas não podemos impedir que eles voem.
E acho que quanto mais cedo a gente encara e aceita isso, mais fácil fica quando a hora chega.
Não é que a gente não sofra, não sinta e não tenha saudades. Mas é natural. E deve ser muito bom ver os filhos da gente seguindo com suas vidas. Estudando, se casando, constituindo suas próprias famílias.
Eu sempre achei meus pais um pouco desligados com a gente lá em casa. Apesar de tê-los como minhas maiores referências até hoje, minha mãe e meu pai nunca disseram que sentiam a minha falta desde que eu saí de casa. Isso foi ótimo para o meu crescimento! Foi tão natural, tão bom ter essa liberdade de escolha, sem o peso de estar "rejeitando" meu lar, sabe?
Só agora, semana passada (antes de levar a netinha para as primeiras férias na casa da vovó), que minha mãe foi contar como foi pra eles se acostumarem sem a gente. Foi aí que eu entendi.
O engraçado é que mesmo antes de saber que eu fazia falta, desde que saí de casa falo com eles pelo menos três vezes na semana. Sinto necessidade de saber como eles estão e também aproveito para contar como estão as coisas por aqui.
Não era uma prisão, apesar de não termos toda a liberdade que queríamos. Não existiam grades pois tudo o que nos segurava lá era invisível a olho nu. Amor, respeito, diálogo, confiança e limites bem definidos. Nada impedia a fuga, e mesmo assim, nunca fugimos.

bjoO

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